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Almeida imparável: duas vitórias de etapa e triunfo final no País Basco

Almeida imparável: duas vitórias de etapa e triunfo final no País Basco

A 65ª edição da Volta ao País Basco (Itzulia Basque Country), disputada entre os dias 7 e 12 de abril de 2025, foi tudo o que os adeptos do ciclismo podiam desejar: intensa, seletiva, imprevisível e marcada por uma altíssima qualidade competitiva. Foram seis etapas e 868,2 quilómetros, onde a montanha foi protagonista — e onde um nome se destacou de forma inequívoca: João Almeida.

Um arranque promissor e sinais claros de ambição

Logo no contrarrelógio inaugural, com 16,5 km, ficou claro que Almeida estava ali para lutar pela geral. Apenas Max Schachmann conseguiu superá-lo, por escassos segundos. O alemão assumiu a liderança, mas a diferença era curta — e a montanha ainda nem tinha começado. Do lado português, também se destacaram Nelson Oliveira, sempre sólido neste tipo de esforço, e Iúri Leitão, que, apesar de não ser especialista em crono, demonstrou que vinha em boa forma.

Na segunda etapa, uma das raras oportunidades para os sprinters, foi Caleb Ewan quem triunfou, mas a grande surpresa foi mesmo Iúri Leitão, que terminou em quinto, confirmando o seu crescimento e adaptabilidade ao mais alto nível do ciclismo mundial.

A montanha separa os homens dos rapazes

Foi a partir da terceira etapa que a Volta ganhou verdadeiros contornos de decisão. Com sete contagens de montanha e uma corrida muito viva, o pelotão começou a fragmentar-se. A vitória foi para Alex Aranburu, mas Almeida terminou em quarto, subindo para o terceiro posto da geral. Mais importante ainda: mostrou pernas e uma frieza estratégica que o iriam acompanhar até ao fim.

Na quarta etapa, considerada a etapa rainha, João Almeida mostrou porque é um dos melhores ciclistas de grandes voltas da atualidade. No temido Passo Izua, atacou a 13,3 km do fim, isolou-se e venceu com autoridade, conquistando a camisola amarela com 28 segundos sobre o seu colega de equipa Isaac del Toro e 30 segundos sobre Schachmann. Uma vitória tática, física e psicológica.

Healy surpreende, mas a UAE controla

A quinta etapa foi o palco para o inesperado. Com um ataque a 57 km da meta, Ben Healy venceu isolado, deixando para trás nomes como Alaphilippe, Pello Bilbao ou Warren Barguil. Apesar da audácia do irlandês, a classificação geral manteve-se inalterada — muito por culpa do controlo implacável da UAE Team Emirates, que não permitiu que os homens da geral perdessem terreno.

Um final digno de um campeão

Na última etapa, que prometia espetáculo com sete contagens de montanha (três de primeira categoria), houve quem ainda sonhasse com surpresas. Mas a UAE fechou a porta a qualquer reviravolta. João Almeida não só defendeu a sua liderança, como voltou a atacar nos quilómetros finais, isolando-se com Enric Mas e vencendo a sua segunda etapa nesta edição — uma forma magistral de selar o triunfo.

Classificação geral final:

  • João Almeida (UAE Team Emirates)
  • Enric Mas (Movistar Team) a 1:52
  • Max Schachmann (Soudal Quick-Step) a 2:59

 

Opinião: a consagração que João Almeida merecia

Depois de vários segundos lugares em inícios de temporada e anos a bater na trave, João Almeida conquista finalmente uma prova de prestígio por etapas em 2025. E fá-lo com classe: dois triunfos de etapa, liderança sólida, capacidade ofensiva e uma equipa que o soube proteger e potenciar.

Mais do que uma simples vitória, esta Volta ao País Basco representa uma viragem de página para o ciclista português. João Almeida, tantas vezes acusado de ser demasiado conservador, foi agressivo, confiante e dominador. Um líder à altura da camisola amarela.

Além disso, vale destacar o excelente desempenho dos outros portugueses: Nelson Oliveira, sempre competente, e Iúri Leitão, que brilhou ao sprint e mostrou que o seu futuro também passa por estas provas exigentes.

Conclusão: uma Volta memorável

Esta edição da Itzulia foi, sem dúvida, uma das mais emocionantes dos últimos anos. Com um percurso duro, um pelotão recheado de talento e um ritmo competitivo elevadíssimo, só os mais fortes resistiram. João Almeida não só resistiu, como brilhou. E deixa uma certeza no ar: o melhor ainda está por vir.

 

Texto: Joel PEREIRA | Foto: Twitter @EurosportTV_Por

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