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Como é pedalar pela Estrada Nacional 2? – Etapa 1: De Chaves a Castro Daire

O combinado estava feito: encontrar-nos todos no domingo, véspera da partida. O jantar desse dia serviria de apresentação formal do grupo. Mais do que encher estômagos, era o momento de criar laços. Um verdadeiro team building antes de mergulharmos na aventura de pedalar os míticos quilómetros da Estrada Nacional 2 (EN2), a famosa “Route 66 portuguesa”.

Desde o primeiro momento deixei claro que esta seria uma experiência de puro ciclismo. Nada de ritmos impostos, nada de pelotões forçados. Cada um encontraria o seu passo, o seu parceiro de andamento, e viveria a sua própria Nacional 2. O carro de apoio serviria apenas para uma paragem a meio de cada etapa: trocar bidões, reabastecer géis, talvez mudar de roupa se o clima o exigisse. Quem atravessa Portugal numa bicicleta sabe que os microclimas são regra, não exceção.

Havia, claro, dúvidas e receios. Falaram-se, discutiram-se, esclareceram-se. Tudo normal. Afinal, eram cinco dias intensos pela frente.


Dia 1: A partida em Chaves

Na manhã de segunda-feira, o primeiro contratempo. O pequeno-almoço do hotel só seria servido a partir das 8h00. Resultado: partimos mais tarde do que o planeado. O GPS marcava 8h39 quando deixámos o alojamento.

Antes de arrancar, uma paragem obrigatória: o marco do quilómetro zero da EN2, em Chaves. Foto de grupo tirada, sorrisos ainda frescos, e finalmente pusemo-nos a caminho rumo a Castro Daire.

O traçado deste primeiro dia levar-nos-ia por Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Lamego e finalmente Castro Daire.


A magia do Douro

Tal como previa, os quilómetros começaram a criar pequenos grupos. A estrada mostrou-se agradável, o trânsito surpreendentemente leve. Só em aproximação a zonas urbanas, como Vila Real, sentimos mais impaciência dos automobilistas. Mas bastava atravessar a cidade para recuperar a tranquilidade.

E depois veio o Douro. Descer para a Régua foi, para muitos, o ponto alto do dia. A estrada serpenteia com curvas largas, as vinhas descem em socalcos até ao rio, e o ar estava impregnado do cheiro doce da uva madura. Houve quem dissesse que era quase possível saborear o vinho ainda por nascer.

Parámos numa pastelaria na Régua. Café, pastel, bebida fresca. Pequenas pausas que não tiram ritmo, antes acrescentam prazer. Viemos aqui para viver o ciclismo, não para correr contra o tempo.


O final do primeiro dia

Depois da Régua, ainda faltava subir. O corpo já acusava o esforço, mas o objetivo estava próximo. A chegada a Castro Daire trouxe-nos alívio e satisfação. O alojamento da noite foi no Palace Hotel Astúrias & Spa: quartos amplos, camas confortáveis, piscina termal e, para nossa alegria, uma sala dedicada às bicicletas. O jantar no próprio hotel acabou por ser a escolha perfeita, coroando o dia com conforto e recuperação.

No final, o registo foi claro:

  • 142 km pedalados

  • 2.277 metros de desnível positivo acumulado

Foi exigente, sim. Mas valeu cada metro. Estava concluído o primeiro capítulo da nossa travessia pela Nacional 2.

Continua…

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