Flèche Wallone 2025: A Redenção Tática de Pogacar no Mur de Huy
A Flèche Wallone 2025 ficará marcada por uma abordagem tática distinta da animada Amstel Gold Race do domingo passado. Se na corrida neerlandesa os ataques foram uma constante, na ascensão ao mítico Mur de Huy a decisão foi protelada até aos derradeiros metros, culminando na ansiada redenção de Tadej Pogacar.
Desde cede, a UAE Team Emirates-XRG assumiu as rédeas do pelotão, controlando uma fuga de oito ciclistas que chegou a ter Tobias Foss entre os seus elementos. A entada no circuito final, a 83 quilómetros da meta, e as subsequentes passagens pelo Côte de Cherave começaram a ditar o ritmo, com a fuga a perder unidades e a vantagem da fuga para o pelotão a diminuir gradualmente. A tensão era palpável a 75 quilómetros do fim, com todas as equipas a lutar por um posicionamento estratégico para a primeira ascensão ao Mur de Huy.
Um momento interessante surgiu com a Soudal Quick-Step a juntar-se ao trabalho de controlo da UAE a 65 quilómetros da meta, um indício claro das ambições de Remco Evenepoel para a vitória. No entanto, a corrida começou a selecionar os seus protagonistas, com nomes como Dylan Teuns a cederem terreno antes da segunda passagem pelo Côte de Cherave.
A UAE voltou a intensificar o ritmo na segunda ascensão, isolando ainda mais unidades do pelotão, incluindo Enric Mas.
Um incidente a 40 quilómetros da meta trouxe um toque de incerteza, com a queda de Mattias Skjelmose, o recente vencedor da Amstel Gold Race e um dos favoritos, levantando dúvidas sobre o seu impacto nas contas finais.
As equipas dos dois grandes protagonistas, Pogacar e Evenepoel, mantiveram o controlo até à penúltima subida do Côte de Cherave. Foi então que Jan Christen, da equipa de Pogacar, desferiu um ataque que fragmentou o pelotão, deixando para trás nomes como Guillaume Martin e David Gaudu. Surpreendentemente, Pogacar tentou a sua sorte na descida subsequente, mas foi prontamente neutralizado por Evenepoel e outros ciclistas.
Assim, como previsto, a decisão ficou reservada para a derradeira e explosiva subida ao Mur de Huy. Ben Healy foi o primeiro a atacar, mas Pogacar respondeu com uma força impressionante. Desta vez, ninguém conseguiu acompanhar o contra-ataque do esloveno ao Irlandês , que cruzou a meta em solitário, selando a sua sexta vitória da temporada. Kevin Vauquelin fez segundo lugar e Tom Pidcock um honroso terceiro lugar.
Na minha análise, esta edição da Flèche Wallone contrastou fortemente com a Amstel Gold Race. Enquanto a prova neerlandesa foi um festival de ataques desde longe, a corrida belga primou por uma abordagem mais calculista, com os ataques decisivos a serem guardados para os derradeiros metros da mítica subida.
A vitória de Pogacar surge como uma resposta categórica à derrota no sprint da Amstel, demonstrando a sua resiliência e ambição. Com seis vitórias já este ano, a questão que se coloca é se o prodígio esloveno será capaz de conquistar o seu nono monumento no próximo domingo.
Pela negativa, saliento a prestação de Remco Evenepoel. Após a sua recuperação épica na Amstel, esperava-se um desempenho mais forte do campeão olímpico, que terminou num modesto nono lugar. No entanto, como é sabido, todos os ciclistas têm dias menos inspirados, e talvez tenha sido esse o caso hoje.
Por fim, destaco as surpreendentes prestações de Kevin Vauquelin, que alcançou um meritório segundo lugar perante um pelotão de luxo, e de Tom Pidcock, que completou o pódio. As suas performances adicionam uma camada de imprevisibilidade e entusiasmo para as próximas corridas. A Flèche Wallone 2025 provou ser uma batalha tática fascinante, com Pogacar a emergir como o justo vencedor no cume do icónico Muro de Huy.
Créditos da imagem: ASO/Billy Ceusters
Texto escrito por: Joel Pereira

