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Herói nas Colinas: Mattias Skjelmose conquista a Amstel Gold Race 2025 em final dramático e Pogacar vê sonho das Ardenas escapar na Amstel

Herói nas Colinas: Mattias Skjelmose conquista a Amstel Gold Race 2025 em final dramático e Pogacar vê sonho das Ardenas escapar na Amstel

A Amstel Gold Race 2025 masculina prometia ser um dos grandes momentos da temporada. Afinal, o tão aguardado duelo entre Tadej Pogacar, Remco Evenepoel e Wout Van Aert finalmente aconteceu. Com a vitória de Remco na passada sexta-feira, na Flèche Brabançonne, e um Van Aert que parecia em crescimento, as expectativas estavam ao rubro. Ainda assim, era Pogacar quem carregava o peso do favoritismo, e com razão. Mas a estrada, como tantas vezes, decidiu contar uma história diferente- e o nome gravado na glória foi o de Mattias Skjelmose.

O início controlado, o final imprevisível

A corrida teve os ingredientes clássicos da Amstel: dureza constante, ataques sem descanso e um pelotão sempre em alerta. A 85 quilómetros da meta, a UAE controlava o ritmo, mantendo a fuga de quatro ciclistas- Hessmann, Cavagna, Bullens e Johannink-bem medida. A margem nunca foi confortável, e à entrada do circuito final, a vantagem era de apenas de 25 segundos. Cedric Bullens foi o primeiro a ceder e, pouco depois, a fuga era totalmente anulada.

Com a corrida em aberto, surgiram ataques de nomes como Valentin Madouas, prontamente anulados pela UAE. Mas quem mostrava força e ambição era a EF Education-EasyPost, com cinco homens bem posicionados e Ben Healy como claro líder para lutar pela vitória. A entrada no Loorberg foi feita num ritmo estonteante imposto pela equipa americana, o que começou a causar baixas entre os favoritos, como Alex Aranburu.

O momento que partiu a corrida

No Gulpenberg, Julian Alaphilippe lançou um ataque que parecia mais simbólico do que decisivo. Mas Pogacar não arriscou e respondeu de imediato. E foi aqui que se viu um erro tático de Remco Evenepoel: mal colocado, teve de gastar energia para recuperar. Essa falha inicial acabaria por pesar.

No Kruisberg, a 42 quilómetros da meta, Pogacar decidiu que era hora de fazer a diferença. Atacou com a sua habitual força e isolou-se. Atrás, seguiam nomes fortes como: Remco, Van Aert, Pidcock, Skjelmose, Thibau Nys, Healy ou Powless… Mas ninguém parecia capaz de acompanhar o ritmo do esloveno. A Soudal Quick-Step assumia a perseguição, mas a vantagem aumentava.

Foi Mattias Skjelmose quem ousou primeiro. A 31 quilómetros do fim, atacou no grupo perseguidor, acreditando que ainda havia esperança. A 25 quilómetros da meta, foi Remco quem respondeu, despachando os seus companheiros de grupo e juntando-se ao dinamarquês. Juntos, lançaram-se numa perseguição feroz a Pogacar.

O desfecho inesperado

O esforço foi recompensado. Pogacar começou a quebrar, e Skjelmose aproveitou. Passou pelo esloveno, resistiu ao ataque final de Remco, e cruzou a meta em primeiro. Uma vitória memorável, construída com inteligência, coragem e, claro, pernas.

Quanto aos dois portugueses, presentes na corrida, tanto Nélson Oliveira, Como Rúben Guerreiro, infelizmente não terminaram a corrida.

 As lições da corrida

Pogacar é, indiscutivelmente, o ciclista mais dominante do pelotão atual, mas hoje falhou. Tinha tudo para vencer- isolado na frente, vantagem confortável, controlo da corrida-e mesmo assim perdeu. Falhou? Quebrou? Faltou estratégia? Não sabemos. Mas a verdade é que deixa escapar a primeira das três clássicas das Ardenas, e com isso, o sonho da trilogia no mesmo ano fica adiado.

Remco Evenepoel também merece um olhar crítico. A má colocação na momento chave obrigou-o a uma recuperação heroica. E ainda assim, lutou até ao fim. Nunca desistiu, nunca se rendeu. E por isso mesmo, também sai desta Amstel com crédito reforçado. Remco está de volta e, na minha opinião, é o único atualmente que pode fazer frente a Pogacar.

Mattias Skjelmose, foi, sem dúvida, o herói do dia. Atacou na hora certa, acreditou até ao fim e mostrou que não só os nomes maiores que merecem o topo do pódio.

Já Wout Van Aert e Tom Pidcock ficam entres os destaques negativos. O belga continua sem vitórias  vitórias em 2025 e não conseguiu confirmar a boa forma mostrada na sexta-feira. O britânico, mal colocado no ataque de Alaphilippe e Pogacar, ficou fora da luta cedo demais. Dois ciclistas que têm tudo para mais, mas que falharam no momento certo.

A Amstel Gold Race 2025 foi imprevisível, emocionante, e, acima de tudo, honesta. Premiou quem acreditou, castigou os erros e mostrou, mais uma vez, que o ciclismo é feito de coragem, estratégia e um pouco de sorte. Skjelmose escreveu hoje um dos capítulos mais bonitos da sua carreira. E, nós, adeptos, agradecemos.

 

Créditos: Texto: Joel PEREIRA | Imagem: ProjetoPEDAL

 

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