Newsletter

O motor da motivação

A motivação é aquilo que nos impulsiona para a frente.
Mas cabe a cada um de nós afinar esse impulso — vejamo-la como um motor.

Se estivermos à espera que a motivação venha dos outros, é como termos um carro que só anda quando é empurrado: é inútil.
E quando aqueles que o empurram perceberem que ele nunca vai ter vida própria, acabarão por o deixar na berma da estrada.


‍♂️ O peso da responsabilidade pessoal

O mesmo acontece com as pessoas.
Aqueles que se veem como coitados, ou que acham que a sua falta de motivação é culpa dos outros, acabam inevitavelmente encostados, sem utilidade para si próprios ou para os outros.

Há dias, ao ler um comentário a uma notícia sobre produtividade laboral em Portugal, alguém dizia que a responsabilidade do patrão era motivar os empregados.
Confesso que, sendo eu treinador, isto fez-me sorrir.
Se a motivação dos atletas dependesse apenas do treinador, estaríamos entregues à bicharada.


O papel do treinador (ou do líder)

É verdade que, muitas vezes, o treinador tem de intervir nesse campo — afinal, trabalhamos com pessoas.
Nenhum de nós está sempre bem.
Uma palavra amiga, uma conversa, ou um simples gesto podem fazer diferença.

O treinador pode e deve ser um ponto de apoio, mas não é o motor que faz andar.

O atleta, esse sim, é o motor.
É um ser humano acima da média, comparável ao empreendedor, ao executivo de topo, ao cirurgião ou ao militar de elite — uma máquina de executar missões, movida por uma motivação quase desumana.


❓O “porquê” dos que não param

Ao longo da minha carreira como treinador, tive o privilégio de conhecer e trabalhar com atletas de referência.
Sempre que posso, faço-lhes a mesma pergunta: “Porquê?”

Um simples “porquê” que carrega um mundo de complexidade.

Por que razão abdicam de uma vida “normal”, cheia de prazeres, festas, amigos e horários livres, em troca de treinos rígidos, sacrifícios e objetivos que muitas vezes nunca chegam?


O sucesso não é o pódio

O sucesso de um atleta não se mede pelas conquistas que atinge, mas pelo empenho que coloca todos os dias na busca dessas conquistas.

Imaginem se todos nós aplicássemos no nosso trabalho o mesmo nível de dedicação que um atleta coloca no treino diário.
A produtividade, a qualidade e o desenvolvimento da nossa sociedade atingiriam níveis nunca vistos.

Mas isso não acontece.
E não acontece porque nem todos temos um motor próprio.


O motor humano

Aqueles que se dedicam verdadeiramente ao que fazem — sejam atletas, empreendedores ou artistas — são apenas um punhado.
Talvez um dia a ciência, talvez a neurologia, descubra porquê.

Hoje, o que sabemos é simples:
Um carro que precisa sempre de ser empurrado é inútil.
O mesmo vale para um ser humano.
Sem motor próprio, não há vida, nem utilidade.

Pode parecer duro dizer isto — e talvez até seja —, mas no fundo sabemos que é verdade.


⚙️ Encontra o teu motor

Cabe a cada um de nós encontrar o motor que nos move, em vez de culpar os outros pela nossa inércia.
Em vez de arranjar desculpas, devemos procurar soluções.

Afinal, a chuva também cai na cabeça dos atletas e dos ricos, não apenas na dos pobres ou dos sem talento.


⏱️ O tempo é o denominador comum

No final, tudo resume-se a isto:
Todos temos a mesma coisa em comum — o tempo.
A diferença está no que fazemos com o tempo que temos.


Reflete sobre isto:
Se o teu motor depende de alguém empurrar-te, é hora de o reconstruíres.
Liga a ignição. O caminho é teu.

 

 


 

 

Texto de Pedro Silva, treinador e fundador do ProjetoPedal, um espaço onde o desporto e a superação pessoal se encontram em duas rodas.

Partilha:

Artigos Relacionados