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Andar de bicicleta obriga-nos, de forma saudável, a fazer parte do meio que nos rodeia. Pedalar permite-nos observar e sentir o mundo com outros olhos — com tempo, atenção e presença. Há detalhes na natureza que passam despercebidos dentro de um carro, mas que se revelam facilmente quando estamos em cima de duas rodas. Costumo dizer: só um ciclista compreende porque é que os cães adoram viajar com a cabeça de fora da janela.
É por isso que quero partilhar algo verdadeiramente mágico — gratuito, acessível e absolutamente deslumbrante. Se há quem viaje milhares de quilómetros e gaste pequenas fortunas para ver as auroras boreais, saibam que existe algo quase tão fantástico, aqui mesmo, perto de casa… e sem gastar praticamente nada.
Para os amantes da natureza — e até para os mais urbanos — há mais vida à nossa volta do que imaginamos. E sim, pirilampos, esses pequenos insectos com luz própria que conhecemos desde pequenos, estão a apenas uma pedalada de distância. Um verdadeiro mundo encantado, a poucos minutos do conforto do sofá. É tempo de sair, levar as crianças, os amigos ou ir sozinho… e redescobrir o deslumbramento.
O Shortrack, em Leça do Balio (Matosinhos), já é conhecido por muitos como um excelente local para aprender e praticar BTT. Criado e mantido pelo ProjetoPEDAL, o circuito acolhe ciclistas de todas as idades durante o dia. Mas poucos sabem que, ao cair da noite, o local se transforma novamente: surgem os discretos ouriços-cacheiros… e milhares de pirilampos iluminam discretamente algumas zonas da encosta.
O convite está feito: venham visitar o espaço à noite — com respeito pelo ambiente e pelos animais — e deixem-se encantar.
Os pirilampos são insectos da família Lampyridae, conhecidos pela sua capacidade de emitir luz — um fenómeno natural chamado bioluminescência.
São uma espécie de escaravelho.
Produzem luz no abdómen através de uma reacção química com luciferina, luciferase, oxigénio e ATP.
A sua luz serve sobretudo para atrair parceiros, mas também para afugentar predadores.
Tornam-se mais visíveis ao entardecer e durante a noite, especialmente em zonas húmidas e com vegetação.
🧊 Curiosidade: A luz dos pirilampos é “fria” — praticamente não liberta calor — sendo uma das formas mais eficientes de iluminação da natureza.
🗓️ Melhor altura: de maio a julho, durante noites quentes e húmidas.
⏰ Hora ideal: entre as 21h e as 23h.
📍 Locais recomendados: zonas com vegetação densa, pouca luz artificial e humidade — como florestas, campos, margens de rios ou trilhos rurais.
Evita usar lanternas ou o flash do telemóvel.
Caminha ou pedala em silêncio.
Dá tempo aos teus olhos para se habituarem à escuridão — vais ver mais do que imaginas.
📌 Se vieres de carro, coloca no GPS:
Complexo Desportivo de Leça do Balio.
Depois de estacionar, segue a pé em direcção à torre de alta tensão. Vais encontrar-te entre o corredor verde do Leça e o complexo desportivo. Esta zona é protegida da luz artificial — e por isso é ideal para veres o espectáculo dos pirilampos com nitidez.
🚴♂️ Se vieres de bicicleta pelo corredor verde do Leça (no sentido da água do rio), vais ver uma pequena cascata à direita. Continua por mais 50 metros. À esquerda, encontras um sinal a indicar “Parque da Paz” e placas da pista de BTT. Sobe em direcção à torre de alta tensão, contorna-a e… desfruta!
Toda a encosta junto ao Shortrack se enche de pirilampos. Contudo, a luz que ilumina o corredor verde interfere com a sua visibilidade — por isso, afasta-te ligeiramente para zonas mais escuras.
Evita usar luz artificial. Caminha com calma. Dá tempo aos teus olhos. A luz das lanternas pode afugentar os insectos e ofuscar a sua luz natural.
Vê com os teus próprios olhos este pequeno milagre natural. Traz os miúdos, os amigos ou vem sozinho. Mas acima de tudo, vem com respeito, curiosidade e silêncio. A natureza retribui sempre com beleza a quem sabe observar com calma.
Matosinhos > Leça do Balio > Araújo > Corredor Verde Do Leça > Shortrack
Divirtam-se!
