Critérium du Dauphiné 2025: O Regresso dos Gigantes e a Antevisão de um Tour Épico
A edição de 2025 do Critérium du Dauphiné ficará para sempre marcada como uma das mais emocionantes da última década. Isto porque serviu de palco para o aguardado regresso à competição de Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel, três dos maiores nomes do ciclismo atual. Com os astros de volta ao pelotão, antecipava-se uma semana de alta intensidade, drama e espetáculo – e foi exatamente isso que o público recebeu.
Uma Primeira Etapa de Tirar o Fôlego
Logo na primeira etapa, os favoritos não quiseram esperar para marcar território. Nos quilómetros finais, Jonas Vingegaard atacou de forma agressiva, levando consigo Pogacar, Evenepoel e Mathieu Van der Poel. O quarteto destacou-se do pelotão, surpreendendo todos, e a etapa foi decidida ao sprint entre os quatro. Tadej Pogacar levou a melhor, vestindo a primeira camisola amarela da corrida e mostrando que vinha determinado a deixar a sua marca desde o início.
Mudanças Constantes na Liderança
A segunda etapa, com chegada ao sprint, viu a vitória do italiano Jonathan Milan, que também assumiu a liderança da classificação geral. A instabilidade na liderança prosseguiu na terceira etapa, quando uma fuga bem-sucedida levou o espanhol Iván Romeo, da Movistar, à vitória e à camisola amarela, demonstrando o caráter imprevisível desta edição da prova.
Contrarrelógio Decisivo
A quarta etapa trouxe o esperado contrarrelógio individual, a primeira grande oportunidade de separação entre os principais favoritos à vitória final. Aqui, Remco Evenepoel brilhou, vencendo a etapa com autoridade. O belga bateu Jonas Vingegaard por 21 segundos e Pogacar por 49 segundos, o que lhe garantiu a liderança da prova. Esta exibição indicava que, apesar dos contratempos físicos anteriores, Evenepoel estava em boa forma. Pogacar, por outro lado, mostrava alguma vulnerabilidade no exercício individual.
A quinta etapa, sem grandes alterações na classificação geral, terminou com vitória ao sprint para o britânico Jake Stewart, consolidando o seu nome entre os melhores velocistas da atualidade.
O Tríptico Alpino e a Supremacia de Pogacar
Chegados ao desafiante tríptico alpino, a corrida foi dominada por Tadej Pogacar. O esloveno venceu duas das três etapas finais com autoridade, subindo à liderança e confirmando a sua superioridade face aos adversários diretos. Nem Vingegaard, ainda a recuperar da forma ideal, nem Evenepoel, com sinais de desgaste após o esforço do contrarrelógio, conseguiram acompanhar o ritmo implacável do líder da UAE Emirates-XRG nas montanhas.
O pódio final foi completo por Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Florian Lipowitz.
Análise Final e Antevisão do Tour de France
Na minha opinião, Tadej Pogacar demonstrou ser o corredor mais completo e dominante deste Critérium du Dauphiné. A sua capacidade de decisão nas montanhas foi simplesmente superior, e a confiança com que controlou os acontecimentos nos Alpes confirma o seu estatuto de principal favorito à conquista da Volta à França 2025, o que poderá significar a sua quarta vitória na Grand Boucle.
Contudo, se quiser assegurar o título, Pogacar precisa de trabalhar mais o contrarrelógio, pois os 49 segundos perdidos para Evenepoel numa prova curta mostram uma possível vulnerabilidade que poderá ser explorada no Tour, especialmente se o percurso favorecer os especialistas contra o tempo.
Jonas Vingegaard, ainda aquém do seu melhor, mostrou sinais encorajadores e, com mais algumas semanas de preparação, poderá recuperar o nível que o levou a vencer o Tour em edições anteriores. Tudo aponta para uma batalha épica entre ele e Pogacar em julho.
Quanto a Remco Evenepoel, apesar do domínio no contrarrelógio, a queda sofrida durante a pré-época parece ter deixado algumas sequelas. O belga poderá não chegar ao Tour na sua plenitude física, e infelizmente não me parece provável que esteja entre os três primeiros da geral em Paris.
Conclusão
O Critérium du Dauphiné 2025 foi um aperitivo de luxo para o que promete ser um dos Tours mais espetaculares dos últimos anos. O confronto entre Pogacar e Vingegaard, com Evenepoel como incógnita, e outros nomes a quererem surpreender, fará da próxima Volta à França uma edição absolutamente imperdível para todos os amantes do ciclismo.
Créditos da imagem: AFP Report
Texto escrito por: Joel Pereira