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Eventos Pagos: Porque Estamos a Deixar de Participar?

Como tantas boas perguntas que nos fazem pensar, esta surgiu entre conversas informais com amigos, cafés mal tomados e bicicletas com mais histórias do que quilómetros.
Nada de estudos científicos, pelo menos no início — apenas observação, experiência no terreno, e aquele feeling de quem está dentro da modalidade.

Sou apaixonado por BTT, e felizmente o meu trabalho também me coloca em contacto diário com atletas, organizadores e curiosos deste mundo. E ultimamente, um tema tem aparecido com insistência:
porque é que cada vez menos praticantes participam em eventos organizados com inscrição paga?

Perceção ou Realidade?

A primeira dúvida era esta: será apenas uma impressão nossa? A resposta foi clara — não. Há dados concretos, eventos com quebras na ordem das dezenas ou mesmo centenas de inscritos face a anos anteriores. E quando os números falam, convém escutar.

Com a pulga atrás da orelha, começámos a levantar hipóteses.

  • Estarão as pessoas a abandonar o BTT?

  • Será uma questão económica?

  • A qualidade dos eventos baixou?

  • Ou será simplesmente a escassez de opções próximas?

Vamos às Votações

Para tentar perceber melhor o que se passa, decidi usar o Instagram do ProjetoPedal como “campo de testes”. Coloquei uma pergunta simples num story, com quatro opções de resposta:
“Fazes menos eventos de BTT porque…”

As opções eram:
a) Poucos eventos perto de mim
b) Custo elevado (inscrição + deslocação)
c) Custo de manutenção da bicicleta
d) Qualidade dos eventos

Confesso: eu apostava tudo na opção c). Sempre achei que os custos de manter uma bike de BTT (especialmente quando comparados com estrada) seriam o principal travão à participação. Pneus, transmissões, suspensões… tudo custa, e desgasta-se depressa.

Mas os resultados deixaram-me de boca aberta.

Os Números Não Mentem

Em menos de 24 horas, o story foi visto por 3.214 pessoas e 1.322 responderam à pergunta. Aqui vai a distribuição:

  • a) Poucos eventos perto de mim – 21%

  • b) Custo elevado (inscrição + deslocação) – 45%

  • c) Custo de manutenção da bicicleta – 14%

  • d) Qualidade dos eventos – 20%

Ou seja, a grande maioria apontou o dedo aos custos combinados de participar: não tanto o valor da inscrição, mas sobretudo as deslocações, combustível, portagens, e tudo o que envolve sair da zona de conforto e rumar a um evento.

E Agora?

Estes dados são tudo menos definitivos, mas são um bom ponto de partida. Se os preços das inscrições se mantêm praticamente inalterados nos últimos 10 anos, então o “peso” do custo só pode estar noutro lado — e a resposta parece estar nas despesas associadas à deslocação.

A pergunta que fica no ar: como podem os organizadores contornar esta realidade? Promover eventos mais locais? Criar parcerias para transportes? Reforçar a experiência para justificar o esforço da viagem?

Conclusão

Tal como muitos estudos terminam, também aqui a única conclusão clara é que… são precisos mais dados, mais perguntas e mais discussão sobre o tema. Esta pequena amostra mostrou uma tendência, mas é apenas o início de um caminho que merece ser explorado com mais profundidade.

Afinal, se queremos mais gente a pedalar connosco nos eventos, talvez tenhamos de parar um pouco… para ouvir o que os praticantes nos estão a dizer.

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