Não era a primeira vez que pedalava em Amares. Já tinha passado por esta região noutras aventuras bem exigentes, mas desta vez o objetivo era outro: explorar um percurso inteiramente local, inserido num evento já com nome feito — a 16ª edição da Rota da Laranja. Lá fomos nós.
Imaginem isto: pratico BTT desde 1993, moro a pouco mais de uma hora de Amares, e só agora participei na Rota da Laranja. Pois é, esta edição não me escapava.
O convite surgiu logo no início do ano, e encaixava na perfeição na agenda. Por isso, às 7 da manhã lá estávamos nós — eu (Pedro), o Rafael e o Carlos — a caminho de mais uma jornada. Atravessámos Braga, e pouco depois já estávamos em Amares, terra que acolhe este evento há 16 anos consecutivos.
É uma organização amadora, no melhor sentido da palavra. Como tantos outros eventos que preenchem o calendário dos amantes do BTT em Portugal, é movida por paixão — pela terra e pelo desporto. São semanas (às vezes meses) de trabalho duro, de roçadora na mão em vez de bicicleta, só para que centenas de participantes possam pedalar por trilhos incríveis e paisagens de cortar a respiração. A todos os envolvidos: parabéns, missão cumprida!
Confesso que fiquei surpreendido logo ao ver o track, antes mesmo de nos lançarmos à trilha. À nossa espera estavam 35 quilómetros com 1000 metros de desnível positivo acumulado. Três grandes subidas marcavam o percurso — que, numa espécie de homenagem criativa, batizei de Quéops, Quéfren e Miquerinos, como as pirâmides do Egito. A primeira e a última eram mais suaves, mas a do meio era digna de respeito: cerca de 11 km com 600 metros de subida acumulada. Uma verdadeira muralha.
Custou. Mas valeu a pena. As paisagens eram deslumbrantes, e as descidas, simplesmente brutais — técnicas, rápidas e divertidas. Claro, para chegar a elas, é preciso “pagar o preço” nas subidas. Mas quem vem preparado, sai recompensado.
No final, havia jersey oficial do evento e um quase-almoço de convívio, que soube ainda melhor depois do esforço. Tudo incluído na inscrição, e tudo feito com aquele toque humano e caloroso que só o Minho sabe dar.
Se ainda não conhecem a Rota da Laranja, guardem o nome. E se gostam de trilhos exigentes, boa organização e paisagens a sério, não percam a próxima edição. Amares tem tudo isso — e mais um bocado.
Obrigado a todos os que tornam este evento possível.
Fica o vídeo, que diz mais do que mil palavras.