Nos últimos anos, temos assistido a um crescimento significativo da vertente gravel entre os praticantes de ciclismo. Mas, afinal, o que distingue esta modalidade das restantes?
Com o passar do tempo, temos acompanhado uma evolução tecnológica marcante, sobretudo no BTT. Primeiramente, a fibra de carbono tornou-se senhora e rainha para a maioria dos ciclistas, assim como a roda de 29 polegadas, a suspensão total e o constante refinamento da geometria dos quadros. Já no ciclismo de estrada, a mudança mais evidente foi o aumento da largura dos pneus, proporcionando maior conforto ao absorver melhor as irregularidades do piso, tornando os passeios mais cómodos. A introdução do sistema tubeless, assim como a chegada de pneus de nova geração, tornou tanto o ciclismo de estrada como o BTT mais acessíveis a praticantes ocasionais do ponto de vista técnico.
Uma das principais motivações para a prática de qualquer vertente do BTT provém da dificuldade técnica e da adrenalina associada à sua execução o que, com a evolução tecnológica, se foi atenuando. E o que é que isto tem a ver com o gravel? Tudo. Muitos dos ciclistas conjugam as duas modalidades (estrada e BTT), por vezes sazonalmente, de forma a obter experiências diferentes em cima da bicicleta. Nesse sentido, o gravel surgiu como a solução perfeita para uma quota parte dos praticantes. De certa forma, consegue juntar a emoção de pavimentos mais técnicos do BTT sem sacrificar parte da velocidade de uma bicicleta de estrada. Por outro lado, agrada a muitos dos ciclistas o facto de poder ter uma bicicleta polivalente que consegue fazer um pouco de tudo ou até, em alguns casos, converter a sua bicicleta de estrada para uma configuração gravel.
Pessoalmente, é menos comum ouvir relatos de transições de BTT para gravel. Na maioria dos casos, são os ciclistas de estrada que procuram algo mais técnico e “outro tipo de adrenalina”.
No fim do dia, pouco distancia o espírito de gravel de uma bicicleta de montanha dos anos 90. Será isto tudo mais uma moda? Talvez, mas o facto é que existe um genuíno interesse por esta vertente. E onde há interesse, há mais ciclismo, realizam-se voltas, organizam-se eventos, vivenciam-se experiências, criam-se histórias, e isso é o que importa.
Créditos: Texto: Gonçalo Moreira | Foto e inspiração: goldrushtrail.ca