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Shimano Acordou Tarde Demais? A Guerra dos Desviadores Elétricos Está de Volta

Durante anos, a Shimano reinou. Incontestável, imbatível, quase intocável no mundo das transmissões. Mas agora, depois de muito tempo a assistir da bancada, a marca japonesa decide finalmente lançar o seu desviador elétrico sem fios para MTB. Sim, anos depois da SRAM ter puxado o gatilho e mudado por completo o jogo.

A pergunta impõe-se: a Shimano perdeu o comboio da inovação?
E mais: estará apenas a correr atrás do prejuízo?


SRAM jogou tudo. E ganhou.

O MTB sempre foi terreno fértil para experimentação. Uma espécie de Silicon Valley do ciclismo. E foi aí que a SRAM arriscou: enterrou os desviadores dianteiros, apostou tudo num sistema monoprato, e criou uma transmissão wireless que revolucionou a forma como pedalas.
A Shimano? Ficou fiel ao velho sistema de dois pratos. Conservadora. Lenta. Demasiado confortável no seu trono.

Resultado? O mercado virou. E a SRAM lidera.


Shimano: a Microsoft do ciclismo?

Quem se lembra da Microsoft dos anos 90, a ignorar a internet como “moda passageira”? Anos depois, quando tentou recuperar, já o Google e a Apple comandavam o futuro.
A Shimano parece ter seguido o mesmo guião. Potência de mercado? Sim. Inovação disruptiva? Não tanto.
O seu ADN é fiabilidade, suavidade, precisão — virtudes indiscutíveis, mas que não alimentam o apetite de um mercado faminto por novidade.


Estrada é estrada, mas o trilho não perdoa

Talvez a cultura japonesa e o seu respeito pelo método e pela perfeição tenham mantido a Shimano refém do seu próprio sucesso, enraizada num ciclismo de estrada mais tradicional, onde a inovação caminha com a lentidão imposta pela UCI.
O MTB, no entanto, é outra conversa. Aqui, vale tudo: se funciona, se ganha corridas, então entra no mercado.

A SRAM percebeu isso. A Shimano não.


Fiabilidade ou irrelevância?

A nova transmissão eletrónica da Shimano pode vir a ser boa. Muito boa. Mas a dúvida persiste: será suficiente para reverter anos de atraso?
Num mundo onde a primeira impressão vale milhões em vendas, não chega lançar um bom produto — é preciso ser o primeiro, criar tendência, alimentar o sonho.

A SRAM pode ter errado, falhado, testado no terreno — mas liderou. A Shimano… seguiu.


O regresso à corrida?

Sim, a Shimano lançou finalmente o seu sistema sem fios para MTB. Mas não deixa de parecer um “regresso envergonhado”. Não foi uma jogada de ataque — foi um contra-ataque.
E no final do dia, é o marketing que dita os vencedores. Não basta ser bom — é preciso ser desejado. E neste momento, quem assina os grupos das bikes topo de gama nas lojas e nas corridas… é a SRAM.


E agora?

Agora esperamos. Para ver o que vale este novo grupo eletrónico da Shimano. Para perceber se é mesmo um “regresso”, ou apenas mais uma resposta tardia de quem já foi rei — mas hoje tem de pedalar para não ficar para trás.

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